Depois de uma total falta de tempo – característica
primordial das mães – enfim criei vergonha na cara e resolvi terminar o post
sobre o primeiro ano de vida do meu loirinho fogueta.
Há um ano dei entrada na maternidade para parir meu
Henrique. Marinheira de primeira viagem, cheguei num misto de serenidade,
ansiedade e felicidade. Medo não. O medo veio depois, quando entrei na sala de
parto e tomei a peridural. Não é que tenha doído (na hora, nada doeu). Mas e o pavor
de que comigo, justo comigo, acontecesse um piripaque e eu tivesse alergia do
troço? E se eu tivesse uma hemorragia e ninguém conseguisse estancar? Aí vêm
aqueles pensamentos que sempre aparecem na hora que você precisa se manter mais
calma...Deus, vou morrer! Deus, se eu morrer protege meu filhinho e que o pai
dele saiba cuidar dele. Pensando bem, não me deixa morrer não! Agora que
cheguei até aqui, quero pelo menos ver a cara do moleque!
E eu sobrevivi. E vi a cara do moleque. Vou te falar: não
tem nada mais emocionante nesse mundo. Pode parecer que é conversa de mãe, mas
é a mais pura verdade. Sim, eles têm cara de joelho quando nascem. Mas o que
importa? É o seu joelhinho, todo inchadinho, meio cara de bolacha, mas é seu.
Todo encolhidinho, sua vontade é proteger o bichinho no colo e não deixar
ninguém chegar perto. Nem pra ver. Fazer que nem a Galinha Pintadinha: deixar o
filhotinho encorujadinho debaixo da asa até ele completar 5 anos.
Só que você ta um bagaço por conta da cirurgia, toda doída e
ainda grogue da anestesia. Chega a enfermeira, lhe surrupia o filho amado, diz
que vai pesar, dar banho, fazer os exames...você deixa porque não tem noção de
como se faz isso e porque os zóinho tão fechando sozinhos de tanto sono (os
seus, não os do bebê).
Beleza. Vou dormir e amanhã tô novinha em folha pra cuidar
do meu pequeno – você pensa. HAHAHAHA. Chorinho se aproximando, é a enfermeira
com o pacotinho pra lhe entregar de novo. Pô! Como assim? Eu acabei de fechar
os olhos, você não ta vendo que eu sou uma pessoa recém-operada? Eu preciso
descansaaar!!
Quanta ingenuidade...mal sabia eu (ou melhor, sabia sim, mas
não imaginava que já ia começar na maternidade) que o destino das mães é passar
as madrugadas acordadas, mesmo que isso signifique dar uns encontrões com a
parede porque os olhos teimaram em fechar enquanto você se levantava pra 256ª
mamada noturna.
No meu caso, essas mamadas foram sofridas. Queria muito
amamentar, mas o leite não descia. Lembro da enfermeira pondo o Henrique no meu
colo e dando a palavra de ordem: “agora mama!” Oi? Tô vendo leite nenhum aqui
não, moça (e eu que achava que o negócio ia jorrar de forma automática que nem
vaca sendo ordenhada. Definitivamente, não fui uma vaca.) E vai aquela trupe
tentando ensinar mãe e filho, no meio da madrugada, a dar suas primeiras
sugadas. O coitadinho bem que tentava, mas estava literalmente tentando tirar
leite de pedra.
Meu leite demorou uns dias pra descer, eu fiquei
desesperada, mas no fim deu certo. À base de muita paciência e truques e crises
de choro (minhas e dele), consegui amamentar o pequeno até os 7 meses. Depois
secou mesmo. Zéfiní.
Mas tem uma coisa que preciso comentar. Porque até hoje
ainda rio da minha falta de noção de recém-mãe. A primeira troca de fralda.
Foi ainda na maternidade. Até o segundo dia, acho que por
causa da minha cesárea, eram as enfermeiras que trocavam o pequeno. Ele
aparecia limpinho pra mim, tava tudo certo. Até que uma hora a co-coisa
aconteceu. E veio preta, que nem graxa de sapato, aquele negócio chamado
mecônio. Percebi o drama e não tive dúvida: marido, vai lá chamar a enfermeira
para limpá-lo. Ficamos lá aguardando.
5 minutos. 15 minutos. Nada de enfermeira. O bichinho lá na
cama, com aquele piche esparramado no bumbum, eu olhando pra ele, ele olhando
pra mim. Comecei a ficar nervosa, a xingar a enfermeira que não vinha, pensei
seriamente em fechar a fralda de novo e fingir que não tinha visto nada. Até
que não agüentei e fui à recepção perguntar que raios tava acontecendo que
ninguém tomava providência!! Alguém tem que trocar essa criança, pô! Cadê a mãe
desse menino??
Epa...aí a fica caiu. A mãe era eu. Eu mesma que ia ter que
trocar. Em minha defesa, tenho que alegar que não tinha material na mão pra
fazer a troca. Algo que logo foi providenciado. E então fiz minha primeira
troca, que demorou cerca de vinte minutos, e nessa hora me dei conta que ia ter muita
coisa pra aprender na marra dali em diante.
E assim foi. Completados 1 ano e 1 mês desde esse dia
inesquecível em minha vida, Henrique já aprendeu a comer, a sentar, engatinhar,
já foi pra escolinha, fala um “mamã” que quase derrete meu coração e está
ensaiando para dar os primeiros passinhos. Tem cara de moleque, sabe fazer suas
birrinhas, mas sabe também me dar um abraço que eu sinto que vou explodir de
tanto amor e não tenho mais vontade de largar.
É piegas e clichê falar isso, mas não há amor maior no
mundo. Em 1 ano descobri que o ser mais importante de minha vida, a razão da
minha existência, tem 80 cm ,
baba, é meio banguelinha e pançudo e capaz de me arrancar lágrimas de emoção,
de amor, de aflição. E eu que achava que isso era papo de mãe...e é mesmo!! Mãe
fica tudo maluquinha pelas suas crias, e eu não sou exceção.